15 fevereiro 2021

Uma não história de amor


Tava lembrando como te conheci. Foi na hora 0 que meu coração deu match. Fanfiquei de cara. Eu nunca tinha ouvido palavras tão bonitas como as suas, só sonhava como elas. Enquanto você falava tudo aquilo, eu fingia costume e me munia de esperanças. Eu me olhava no espelho e me via como você me via, eu queria falar contigo todo dia, até te mandei uma música de Simone e Simaria... eu me rendi!

Quando o assunto estava morrendo, tratei de te chamar pra mais perto, afinal, eu não podia te perder de vista. Lembro que postei uma selfie e você disse que realmente eu era bonita, mas aí eu queria mais e você me deu. Eu abri, você abriu, eu sonhei, mesmo sabendo que era impossível.

Eu poderia estar escrevendo uma história de amor se eu tivesse mais sorte. Você poderia ser aqueles tipos cheios de fé. Praieiro que pensava em sossegar um dia, e porque não comigo? Se tudo fosse profundamente diferente talvez desse certo, mas você é bandoleiro, crossfiteiro e biscoiteiro. O biscoito a gente compartilha, mas todo o resto não cabe, destrói a história de amor que eu escrevi e queria viver.

Neste conto, sou só mais uma na sua lista de várias e intermináveis. Provavelmente mais uma sem muito destaque ou lembrança, alguém que se apaixonou pelo teu riso doce, pelos teus olhos tão únicos e especiais, por esse teu jeito de olhar tão singular.

Lembrar como te conheci é constatar como o mundo é de fato doido, que tudo pode mudar de repente e que todo o estereótipo que sempre rejeitei me conquistou e levou meu coração sem pedir resgate.

Um dia, provavelmente, tudo isso que ferve dentro de mim vai virar apenas uma história de quando uma pandemia atacou a terra e a gente ficou tempo demais olhando pra tela de um celular. Até lá fico te olhando nas fotos que eu salvei, imaginando que a vida é possível e que ficaria te fitando e sonhando com essa não história de amor por uma eternidade.


Carolina Santana
, 13 de fevereiro de 2021



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