17 fevereiro 2021

Essa nossa troca

A gente troca e nessa troca eu sei que sou menos. Nessa troca sei que você não é mais, mas já era, eu ja tô dentro. Já me joguei de corpo e alma, enquanto minha mente me diz que o caminho é perigoso.

Meu coração, no entanto, me lembra que está tudo bem, já que a gente tá em tempos diferentes. Mas sabe o que eu queria? Queria que estivéssemos juntos nesse verão. Os corpos colados, enlaçados num abraço. Os risos misturados, os assuntos leves e profundos. Queria retina com retina, pupila dilatada, coração num mesmo compasso. Queria desenhar teu rosto com meus dedos e beijar cada espaço e ser beijada em cada vão. Queria a gente esquecendo do tempo, falando línguas diferentes, num idioma universal afim.

Queria esquecer nossas diferenças e toda essa impossibilidade que, por fim, você me enxergasse por dentro, me visse de verdade. Queria mudar tuas concepções equivocadas e cuidar de você. Te colocar no colo, chorar junto e me permitir pela primeira vez ser cuidada, ser querida.

Queria que você viesse, mas só se fosse pra ficar, porque se esse nó chamado nós acontecesse, a vida não poderia voltar atrás, a gente tinha que seguir junto pra sempre. É, aqui é hipérbole e intensidade pura, e uma dose de devaneio, é claro, não posso esquecer.

Hoje, no aqui e agora, te quero com força e inteiro, mas deixo pros meus sonhos já que a realidade é dura.

Escrevo isso pra me lembrar a loucura que foi desejar transformar a impossibilidade em realidade, pra lembrar que esse coração anda num caminho só dele, batendo por quem quer, pra lembrar que essa troca viveu e foi sincera até um dia que deixará de ser.

Carolina Santana, 09 de fevereiro de 2021



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