Hoje em dia amar é um ato coragem, de valentia. Ousadia.
Quantos não têm só existido, engolidos pelas suas rotinas, pelos seus prazos e metas. Quando não têm andado de cabeça baixa perdendo olhares e sintonias, se ensurdecendo para as melodias que só quem escancara o peito para vida, ouve.
Tememos nos entregar, nos doar, porque a vida é incerta, inversa, cruenta demais. Não podemos adiantar para ver o que acontece no final, é preciso se lançar para descobrir, mas se lançar dá medo demais.
Viver dói e te enche de dúvidas, mas tentar e - nas tentativas - vencer é gratificante demais, ainda que o perder logo chegue, ainda que o frustrar-se logo dê as caras, e os que você ama partam, os sonhos desçam ralo abaixo, vale a pena.
Trocar penas faz parte do processo e entre perder asas e ganhar novas você fica sem nada, esperando para voar. Mas o dia do voo sempre chega e eu torço para que nesse dia o medo não nos paralise, que enxerguemos além dos talvezes, além das possíveis dores, que o peito veja e creia no amor.
O mundo anda alheio demais, insensível, pálido e sem vida. Onde estão os dispostos, os corajosos? Onde estão os que não fazem pose e amam com medo mesmo? É preciso amar e é preciso coragem. É preciso saber também que a gente encontra com ela quando nos levantamos das incertezas para a pura realidade.
Carolina Santana, 10 de janeiro de 2019
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