02 setembro 2017

Sobre saudades, sonhos e a certeza


Eu sempre tive a saudade como companheira. Desde que me entendo por gente ela convive comigo nos meus mais diversos relacionamentos. Eu sempre me envolvo profundamente demais com as coisas, com as pessoas e por isso sinto saudade, a falta. O peito relembra momentos, gostos, sensações e aromas e só quer voltar, só quer se embolar nas coisas boas da vida.
Hoje a vida me esclarece que não é saudável essa melancolia saudosista. Sinto que não sou de um lugar. Desde criança não gosto de ficar parada. Trelo, me mexo demais, sou curiosa e amo gente, amo as trocas, gosto de fotografar os momentos que vivo no meu coração. Sou do mundo. Mas logo eu? Logo eu que sou tão medrosa, logo eu que me envolvi em situações e quase não consigo desatar o laço... Pois é, logo eu. Sou das letras, das palavras, dos toques, dos sentimentos e do mundo. Sonhava em ser dona de casa, descolar uns freelas, compor um lar e lamber as crias, enquanto fazia algo significativo, perseguindo com afinco meu propósito.
Nesse interim de sonho, perca e algumas dores na bagagem, tive os planos e os pensamentos revirados. Meu coração batia por algo pequeno demais, fora dos sonhos do alto. Então, à custa de muito choro, mimimi e, enfim, reflexões, vejo tão claro, que as portas fechadas foram por não ser exclusiva daqui ou dali. Convivi e convivo com distâncias porque nem sempre vou poder estar perto daquilo que pra mim é fundamental.  E isso dói um pouco. Ou muito. Os olhos naufragam, o peito fica inquieto. Distâncias machucam mas viver pros meus sonhos nunca foi minha intenção, por isso deixo ir, deixo vir. Não sei o que farei com a saudade, mas sei que já já ela acha o seu lugar. Eu, por ser do mundo, hei de esbarrar com ela, o jeito é me acostumar.


02 de setembro de 2017


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