Eu sempre tive a saudade como companheira. Desde que me
entendo por gente ela convive comigo nos meus mais diversos relacionamentos. Eu
sempre me envolvo profundamente demais com as coisas, com as pessoas e por isso
sinto saudade, a falta. O peito relembra momentos, gostos, sensações e aromas e
só quer voltar, só quer se embolar nas coisas boas da vida.
Hoje a vida me esclarece que não é saudável essa melancolia
saudosista. Sinto que não sou de um lugar. Desde criança não gosto de ficar
parada. Trelo, me mexo demais, sou curiosa e amo gente, amo as trocas, gosto de
fotografar os momentos que vivo no meu coração. Sou do mundo. Mas logo eu? Logo
eu que sou tão medrosa, logo eu que me envolvi em situações e quase não consigo
desatar o laço... Pois é, logo eu. Sou das letras, das palavras, dos toques,
dos sentimentos e do mundo. Sonhava em ser dona de casa, descolar uns freelas, compor um lar e lamber as
crias, enquanto fazia algo significativo, perseguindo com afinco meu propósito.
Nesse interim de sonho, perca e algumas dores na bagagem,
tive os planos e os pensamentos revirados. Meu coração batia por algo pequeno
demais, fora dos sonhos do alto. Então, à custa de muito choro, mimimi e, enfim, reflexões, vejo tão
claro, que as portas fechadas foram por não ser exclusiva daqui ou dali. Convivi
e convivo com distâncias porque nem sempre vou poder estar perto daquilo que pra
mim é fundamental. E isso dói um pouco. Ou
muito. Os olhos naufragam, o peito fica inquieto. Distâncias machucam mas viver
pros meus sonhos nunca foi minha intenção, por isso deixo ir, deixo vir. Não
sei o que farei com a saudade, mas sei que já já ela acha o seu lugar. Eu, por
ser do mundo, hei de esbarrar com ela, o jeito é me acostumar.
02 de setembro de 2017
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