21 agosto 2016

Sobre fins


É fim de noite de um longo dia, de uma longa espera, de uma vitória sofrida. É fim do dia, fim da dor, da briga, da rotina. É fim do dia de um fim de semana, que de sem fim é tão finito, que de sem fim não cabe em mim.

Já é tarde e tenho tanto pra agradecer, que ao coração bater é possível ouvir o quão grato ele é, só por existir. É verdade que existem dores, e que a vida é curta e sem forma, mas essa intensidade toda reluta vívida aqui. Ela quer se espalhar por aí, quer dizer ao mundo, que apesar de tudo, ainda é tão bom viver.

Esqueço os fins e as despedidas. Dou um tempo no drama e nas lições. Abro espaço pra o furacão que é sentir, pra magnitude que é rir e chorar, tremer e enjoar. Ao fim do dia, da vida, do amor, da poesia a gente pode respirar contente, sabendo que este repente incoerente rendeu histórias, virou memória e amanhã de manhã se converterá começo.

Todo fim precede uma manhã nublada, inebriada de novidade. Tem cheiro de risco, no entanto, carrega a essência de Deus. Ele cuida de tudo e no futuro já está. Descanso.

Para todo fim, paz.

Carolina Santana, Sobre fins, 20 de agosto de 2016



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