O que fazer quando o coração insiste em ouvir a música do
verão, quando o inverno já chegou? E quando a memória te pega e não quer nem a
pau virar história? Quando os sorrisos só fazem sentido quando a distância não
tem significado? É impossível ignorar as placas de “siga”, é impossível
esquecer os sinais dos céus pra que se reme e não pule do barco. É necessário
correr o risco de viver o novo, se desfazer de pesadas bagagens e correr atrás
daquilo que não se pode adiar. Depois de muito tempo na inércia parece que a
vida te obriga a reagir, te põe num beco sem saída em que o único caminho é
lutar, não deixar a peteca cair e seguir atrás dos sonhos, ora esquecidos, ora
ignorados, mas sempre vivos em algum lugarzinho aqui dentro. Às vezes dá
vontade de largar tudo, sabe? Correr praquele lugar em que me sinto segura e
confortável. Mas sei que pra realizar a gente tem que dar a cara a tapa mesmo.
Sei também que isso significa, às vezes, errar feio, cair e ralar os joelhos,
sangrar e enjoar, mas sei que existe possibilidade de extrair vitória dos
riscos e estamos nessa vida pra errar mesmo, afinal, não somos perfeitos, não
somos robozinhos feitos pra agradar, pra sempre acertar e só pra realizar
feitos gloriosos. Mas dá medo. Um medo que vez ou outra quer paralisar, quer frear, quer voltar... Ressuscitar poemas, viver na sombra, sempre me sentindo
incompleta, incompreendida, esquecida, saudosista e com aquela viseira que
impede de olhar pros lados, com um objetivo cego, impossível de ser alcançado. Desvincular
custa, e não é pouco. A gente paga um preço alto pra se livrar daquilo que faz
tanto sentido, daquilo que é confortável, daquilo que é fácil e bom. Mas não há
conquista sem luta, mudança sem decisões difíceis, gloria sem sacrifício e o
único tempo que se tem é o hoje. Nessa estrada não há múltiplas escolhas, é uma só, é seguir. Sem saber o que a vida vai reservar, se vai ter emoção ou não, se vai ser rápido ou se vai requerer uma longa espera, mas na certeza de que num tempo bonito, no tão falado, oportuno, as coisas se expõem à luz. Tudo clareia e a gente entende, a gente vence. Vence sim. Keep on!
"Não fiquem lembrando do que aconteceu no passado, não continuem pensando nas coisas que fiz há muito tempo. Pois agora eu vou fazer uma coisa nova, que logo vai acontecer, e, de repente, vocês verão."
(Isaías 43: 18 e 19)
Carolina Santana, junho 2016
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