22 novembro 2015

Fã de chás e sopas.

Aqui dentro bate um coração descompassado e inconstante. Daqui há algumas horas a volta da terra se completa e eu deixo pra trás um ciclo inteirinho. Daqui a pouco algo novo se inicia. Daqui a pouco deixo pra trás histórias e sonhos, sentimentos e planos. Lágrimas e risos guardo, pois aprendi cedo que as experiências a gente deve levar na bagagem.

Noto-me estranha, o espelho já não fala tanto como antes, o sorriso não sabe porque se mostra. Os sentidos, que colecionei durante anos, estão desconexos, perdidos, jogados cada um em um cantinho diferente.

A menina comilona hoje virou a adulta enjoadinha. Não como mais doces, adoro legumes mas eles me dão náusea. Sou fã de chás e sopas. Os chocolates me dão enxaqueca, passei a detestar arroz. Hoje eu como pouco e ando mais cansada do que o normal. Onde está toda a minha fome?  Estou com fastio de comida, fastio de vida.

Amanhã ganho de presente dos céus uma idade nova. Sou muito grata por respirar e ter novas oportunidades, mas confesso que não estou animada como em todas as outras primaveras festejadas. Confesso que gostaria de uma passagem só de ida para o mais longe possível onde ninguém me conhecesse, onde ninguém pudesse dar pitaco sobre tudo que aconteceu.

Queria que ninguém repetisse minha história, nem me tratasse segundo as minhas dores antigas e novas. Queria não ter me machucado tanto, queria estar fazendo 15 ao invés de 21 pra mudar tudo aquilo que hoje eu não consigo nem mencionar.

Não quero ser uma chata de galochas, porque sei que é só o início de toda uma vida, da realização de sonhos antigos e da concepção de novos, mas é só o sentimento de uma menina perdida de quase 21 que morre de medo de não conseguir. Conseguir o quê?  - Alguém pode se perguntar.- Tenho medo de não conseguir ser de verdade e continuar sendo essa estranha, dona de gostos loucos e amores que dão e passam, que colam e não largam.

A cada palavra escrita e frase concluída estou mais perto desse tempo novo que me assusta. Só me resta fechar os olhos, talvez fazer um pedido... (Definitivamente fazer um pedido!) Pedir a Deus aquilo que não ouso citar, aquilo que ninguém é capaz de imaginar. Pedir também que os ventos soprem e levem minhas maninas inúteis, meus medos e inseguranças e toda essa coisa que não desvincula nem a pau. Seja bem vindo 21!

Carolina Santana, Fã de chás e sopas, 22 de novembro de 2015


Nenhum comentário:

Postar um comentário