Numa madrugada igual a todas as outras que sofri decidi
deixar meu passado para trás. Doeu? Óbvio. Machucou, incomodou, deu insônia,
ânsia de vômito e todas as dores sentimentais e físicas possíveis? Claro! (E
todo mundo sabe disso.) Para quê então ficar remexendo essa história? Para quê
ficar mexendo no lixo? Aprendi desde o jardim de infância que lugar de lixo é
na lixeira. Porque ficar carregando esse saco pra lá e pra cá? Escrever que
doeu, que dói, não mudará a dor só aumentará e eu não quero aumenta-la, quero
colocar ela no seu lugar que é a insignificância, o ignorável. Quero seguir.
Sem mágoas e sem rancores. O que passou, passou. Nunca poderei ser feliz
levando esse saco de dor para onde eu for. Nunca poderei amar as pessoas se não
der novas chances para elas. Resolvi deixar de olhar para trás, e pela primeira
vez levar meu olhar pro futuro, para minha frente. Existe uma história linda
nascendo, uma canção bonita surgindo e eu quero ouvi-la. Quero planejar os
anos, desenhar os planos e viver cada hoje. Viver cada queda, cada pesar, cada
vitória, cada inconstância, cada alegria, cada amor, cada amar, cada dor. O
passado se foi, aquela menina de antes também. Só sobrou essa metamorfose
ambulante, essa lagarta estranha que tenta (e está ansiosa) pra se tornar uma
borboleta azul para voar. Ser feliz, ser ela mesma e enfim voar.
Carolina Santana, janeiro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário